quem se esqueceu do pobre foi o sistema falido
engraçado,o sistema conseguiu esquecer de quem nunca foi lembrado
na verdade o pobre não precisa de lembrança
precisa de comida,trabalho
e melhores condições de viver,não sobreviver
somos escravos contemporâneos
não precisamos de chibatas
nosso açoite se resume em 30 dias,8 horas diárias com quatro domingos livres
o suficiente para alimentar a ambição de uns e a desgraça de outros
será que uma infância trocada por noites de inverno dentro da lagoa
são suficientes para enlouquecer
as vezes a companhia de siris,camarões e a lua são ótimas
o que estragava era o pai como peso morto bêbado dentro do caico
a água gelada as vezes e só um detalhe
precoce é a vida
eu sou é forçado a trabalhar mesmo
minhas metas são estipuladas não estipuláveis
minhas tripas,não são tripas
são meios para facilitar a ida da comida
da minha boca até a fossa
que final vamos esperar se nem inicio temos
se as vezes por fome somos obrigados a obstruir códigos de conduta
estipuláveis,não estipulados
é infeliz sentir-se só quando estamos tão sozinhos
é triste chorar quando não se tem olhos
é incógnito falar de boca cheia
é estranho ouvir sem ver
o espaço perdeu valor agora
os sentimentos se complicam
ou eu que complico os sentimentos
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